esquizoativo

o hipocalipse das máquinas desejantes, o golem antiartístico, o ócio e a fofoca por mateus potumati

Neil Gaiman na Flip maio 8, 2008

Filed under: festivais,notícias,quadrinhos — Mateus Potumati @ 1:10 pm
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Depois de alguns anos tentando, finalmente a Conrad conseguiu trazer o Neil Gaiman pra Flip, Festa Literáia Internacional de Parati, que acontece de 2 a 6 de julho. A informação saiu no O Globo de hoje e foi dada como “praticamente certa” pela editora e, segundo o camarada Shin Oliva apurou, pela organização do festival. O autor, mais conhecido pelo clássico dos quadrihnos Sandman, vem pra divulgar Coisas Frágeis, coletânea de contos que a Conrad lançará no festival. Gaiman já tinha vindo ao Brasil no começo da década, quando causou uma aglomeração de milhares de fãs em uma livraria de São Paulo.

Além da grande notícia para os fãs do autor, a vinda de Neil Gaiman sugere um aumento no interesse pela cultura de quadrinhos no Brasil por parte do meio literário (apesar de Gaiman quase não lançar mais obras de quadrinhos, ainda é um ícone do gênero). A Flip já havia tentado trazer Art Spiegelman, outro nome fundamental dos quadrinhos, mas sem sucesso. A visita de Gaiman à Flip será a única aparição pública do autor no Brasil.

 

De Volta à Neve março 21, 2008

Filed under: festivais,frilas,música,notícias — Mateus Potumati @ 1:18 pm
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Esse puraço aí de cima resume o espírito de Austin durante o South By Southwest, pra mim. Descontração de alto nível. Voltamos de lá na segunda, vou dizer que foi triste trocar aquela maravilha de clima pela neve. Guardar a bermuda de novo na gaveta foi melancolia pura. Agora tá caindo neve pra caramba aqui em Oak Park, uns flocos servidos, eu costumava gostar desses flocos maiores porque lembrava do Eternauta, mas depois de 5 meses meio que começa a dar no saco. Ainda mais sabendo que no Brasil é feriadão com sol.

Eu acabei ficando preso com a cobertura simultânea do SXSW pra Rolling Stone e pro G1, então não consegui mandar muita coisa pra cá (o Dago teve mais sucesso, confiram lá no Bima). E esta semana ainda tô preso com o texto pra revista, então tá embaçado. Mas eu ainda vou fazer um apanhadão de bandas legais que vi por lá, prometo. Quero falar do showzaço do Lyrics Born, do Money Mark, do Fatal Flyin’ Guilloteens, do High On Fire, Dizzee Rascal, Kid Sister, She & Him, Sons And Daughters, Foreign Born, Curumin, Slits, Vampire Weekend, Waco Brothers, Spoon e de um monte de coisa legal que eu perdi, tipo Lou Reed com o Moby (pois é), R.E.M. (pois é), Motorhead (pois é), Del Tha Funkee Homosapien, Cool Kids, Ice Cube, Be Your Own Pet, Darondo etc. Enquanto isso, vou fazer um clipping de tudo que a gente publicou a respeito do festival, em ordem cronológica:

G1:

Chamada pro SXSW

Quarta (Van Morrison e R.E.M)

Quinta (Lou Reed)

Sexta (Vampire Weekend)

Final (destaques femininos)

Rolling Stone:

Chamada

Quinta (R.E.M. etc.)

Sexta (Curumin etc.)

Segunda (balanço final)

 

de austin, finalmente março 13, 2008

Filed under: festivais,notícias — Mateus Potumati @ 10:00 am
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(Tio Lou relaxando, foto fresquinha da Jana)
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* * *
Uffs, que pauleira. Finalmente deu tempo de mandar alguma coisa pra cá. Dormimos umas cinco horas nesses três dias somados e SXSW é camelação 18 horas por dia (sério, das 9 às 3 da matina todo dia). O legal é que ficamos no mesmo hotel do Fabrício e da galera do Lucy and The Popsonics e do Dago e o povo da Trama Virtual. Ainda é o segundo dia oficial do festival, que vai até domingo, e já rolaram coisas memoráveis aqui. O principal, sem dúvida, foi o show do Van Morrison ontem à tarde. Foi meio na encolha, rolou de última hora e não tinha muita gente sabendo. Mesmo assim, a fila tomava duas laterais do quarteirão. Ontem ainda teve Akron/Family, Slits, Black Keys, Lemonheads e um showsaço do R.E.M. Mas a balada que eu mais curti foi uma do selo Frenchkiss, vi 3 bandas fodas e o Fatal Flyin’ Guillotines quebrou tudo, num show meio Fugazi, meio Mudhoney e totalmente Stooges. Falo mais disso tudo depois.
Agora tô ao vivo da keynote do Lou Reed e tô a uns 4 metros do palco. A Jana tá lá no gargarejo, tirando foto. Chegamos uma hora antes e a fila já estava grande, ainda bem que conseguimos entrar. Vou tentar mandar alguma coisa em tempo real pra cá, vamos ver se rola. Rolou uma orquestrinha de câmara e agora um cara está fazendo um pronunciamento bem político, falando sobre a zona dos planos de saúde aqui, futuro do mundo, caucus democrata e rock the vote, falando pra todo mundo votar etc. Ele repete as palavras finais do entrevistado principal do ano passado, Pete Townshend: “let’s hope we do our role and don’t get fooled again” (“vamos torcer para que façamos nosso papel e ninguém nos passe a perna de novo”). O Lou entrou, 66 anos de walking on the wild side. Foda. Foda. O entrevistador e ele tão só tirando onda por enquanto, ele falou pro Lou que espera falar de coisas melhores do que da última vez, em que ele ficou falando sobre como odeia a mãe. O Lou já mandou na lata: “ainda bem que você é produtor, não jornalista”. Emendam a discussão sobre o Berlin, filme do Julian Schnabel que teve estréia mundial aqui no SXSW, e claro que falam sobre o disco, Lou dizendo sobe como ele fodeu com as coisas depois do final do Velvet, e o Berlin foi ao mesmo tempo o retrato disso e o começo de uma fase melhor. Agora estão exibindo um trecho do filme, com “Men of Good Fortune”. Por esses 3 minutos de exibição que vi até agora, já adianto que é um clássico imperdível, para fãs, para simpatizantes, e especialmente para os que têm uma vida miserável e não conhecem Lou Reed. A banda é espetacular, a filmagem é virtuosa, com manipulações ao vivo do diretor.

O entrevistador agora pergunta sobre uma afirmação do Schnabel de que Berlin é o disco mais romântico de todos os tempos, mas vou parando por aqui. Depois mando mais coisa. Desculpem se o texto tá muito esquisito, deslumbrado, mas tô vendo o Lou Reed de perto, porra! 😀

Também vai sair cobertura diária nestes dois lugares:

http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,7085,00.html

http://www.rollingstone.com.br/

 

Eu tô indo pro SXSW, e você? março 10, 2008

Filed under: festivais,frilas,música,notícias — Mateus Potumati @ 11:10 pm
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É isso aí, a partir de amanhã a gente vai ver o que é que Austin tem.

Vou mandar relatos diários pro site de música do G1 e pra home da Rolling Stone Brasil, com fotos da Jana, que aliás inaugurou o Flickr dela. Com muita sorte, ainda consigo mandar alguma coisa pra cá. A primeira parte da cobertura para o G1 já está no ar.

Nos desejem boa viagem e não sumam.

 

Bandas do SXSW #1: Dokkebi Q março 1, 2008

Filed under: festivais,música,reviews — Mateus Potumati @ 9:55 am
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daqui pra frente o clima do esquizo é de aquecimento para o SXSW. a partir de hoje, vou lançar por aqui algumas das bandas que planejo pegar no festival. nem sempre vai ser possível ver os shows (1500 bandas em 5 dias, não tem como ver tudo), mas pelo menos fica aqui o registro pra quem quiser correr atrás e tal.

* * *

 

para começar, escolhi o Dokkebi Q, duo death-dub ainu-coreano-londrino. entendeu alguma coisa? pois é, o Dokkebi Q, para usar dois termos bem surrados, é um grande mashup globalizado. formado pelo casal de irmãos (“We ain’t couple! bro&sis band,The Yellow Stripes!!”, eles avisam no Myspace) Kiki Hitomi e gorgonn, o duo é provavelmente a primeira expressão internacional da música pop ainu (se alguém souber de outra, por favor me conte – ou não). os ainus, por sua vez, são um povo indígena que habita o norte do Japão, segundo alguns antes mesmo que o futuro povo japonês se instalasse no arquipélago. com a pele mais escura do que a dos japoneses em geral, cultura e dialeto próprios, os ainus ficaram historicamente marginalizados do processo de desenvolvimento do Japão, sofrendo discriminação por séculos.

além do Japão, Hitomi e gorgonn moraram na Coréia – “dokkebi” é um ser da mitologia coreana com uma queda por encrenca e que tem o poder de se transmutar em fogo – e depois se radicaram em Londres, onde, segundo eles, “descobriram um entendimento e apreciação mútua pela ‘música negra rebelde’ “. ali, começaram a experimentar com electro, punk e dub, chegando a um som pelo qual é impossível passar desapercebido. as músicas do Dokkebi Q têm a atmosfera chapada do dub, distorcida por timbres pós-punk e embalada em batidas electro aceleradas, com um groove maluco, quebrado, ao mesmo tempo pop e experimental, e vocais que variam entre a cadência do reggae, o confronto do punk e alguma coisa selvagem e indizível no meio disso tudo. soa às vezes como uma jam entre king tubby, atari teenage riot, miss kittin e dizzee rascal, mas com uma sonoridade fresca, que fico muito tentado a descrever como o tal elemento tribal ainu. deixando de lado a etnomusicologia de poltrona, me contento em afirmar que o resultado é tão bastardo e futurista que faz a M.I.A. parecer uma inglesinha saída de um romance de Jane Austen (ok, a M.I.A. não merece essa, mas foi só pra ilustrar a metáfora).

minha conta no wordpress não me permite subir mp3 para este espaço (se alguém aí quiser me oferecer hospedagem decente, não se acanhe), mas o Myspace deles tá na mão: http://www.myspace.com/kikihitomi

os vídeos deles no Youtube não são tão legais quanto as músicas no myspace, mas vale a pena conferir.

os dois mais loucos pra mim são esses:

 

 

 

 

é isso aí, segue o baile.

 

south by southwest: quando a américa dá mole fevereiro 21, 2008

Filed under: festivais,música,mostras,notícias — Mateus Potumati @ 7:53 am
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fiquei um tempo sem dar sinal de vida, mas tô aqui, vivão e vivendo. entre o último post e este rolou um monte de coisa, desde fazer mudança sob uma friaca de -22ºC (nunca tinha ficado tanto tempo na rua num frio desses, é engraçado ver o ranho congelar, mas sentir os ossos da mão doendo, com luva e tudo, não tem lá muita graça), a discotecar num programa de uma college radio aqui, a WRRG, e ver a corrida presidencial praticamente se definir entre Obama e Mccain. vou falar mais sobre isso tudo em outro post, mas o assunto aqui agora é outro.

* * *

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a melhor novidade desses tempos provavelmente foi ter recebido a confirmação de que, sim, eu e a patroa vamos ao South by Southwest este ano. vai ser nossa primeira vez no festival, que rola durante o mês de março em Austin, no Texas, e é claro que a gente tá empolgadão. o maior trunfo do SXSW é o formato, bem diferente do de eventos mais hypados como o Coachella ou o Glastonbury. a lógica toda é outra, a começar pela estrutura dos shows: em vez de acontecerem em palcos grandes ao ar livre, eles são distribuídos em casas noturnas da cidade, de capacidade bem menor. nada contra multidões, já curti muito, mas show em lugares fechados e menores é outra história. durante cinco dias, esses bares irão receber mais de 1500 (isso mesmo, mil-e-quinhentos) artistas do mundo todo, que transformam as ruas de Austin, até então uma cidade média do interior dos EUA, numa babel por onde ecoam os mais variados e instigantes idiomas musicais.

este ano, 13 artistas brasileiros anunciaram showcases no festival, a maioria bandas indie experientes e consistentes, como as paulistas Curumin e Debate e a goiana MQN. mas também há novidades, como as brasilienses Nancy e Lucy and The Popsonics, e até um figurão: o atual-rapper-e-eterno-maconheiro carioca Marcelo D2. apesar das diferenças de estilo, recursos e estrada, todos eles procuram o festival pelo mesmo motivo: tentar tirar uma casquinha da América. se por um lado é um investimento sem resultado garantido (as bandas que se inscrevem pagam para se apresentar nos showcases), é provável que não haja lugar melhor para apostar as fichas do que o SXSW. antes de ser um festival, o evento é o conjunto de três imensas feiras de networking (além do festival de música, acontece um de cinema e outro de tecnologia), para onde convergem milhares de pessoas em busca de ampliar relações profissionais ou de criar novas perspectivas. pode soar chato à primeira vista, mas pense nisso como um Facebook do mundo real – aliás, não por acaso um dos principais palestrantes desta edição é Mark Zuckerberg, criador do Facebook e atual pessoa-mais-rica-do-mundo-sub-23 -. é um lugar onde, além de conhecer gente interessante e poder ter o estalo que falta na sua vida, ainda rola um monte de cerveja e churrasquinho o dia inteiro.

além da multidão de quase-famosos nos showcases, o SXSW deste ano traz como headliners R.E.M. e Black Crowes, ambos lançando disco novo, Ice Cube, the Breeders, My Morning Jacket, N.E.R.D. e the Kills, entre outros. o mais legal, entretanto, é aproveitar a variedade insana de shows para ver coisas que dificilmente se vê em outros lugares. falo de bandas americanas em franca ascensão, como afro-rock nova-iorquino do Vampire Weekend, artistas de vanguarda como o “death-dub” dos ingleses Dokkebi Q, figuras míticas como o blueseiro californiano Darondo ou a eterna musa country Dolly Parton, e o show do guitarrista e produtor Kevin Shields, mais conhecido como frontman do lendário My Bloody Valentine. depois da frustração pela turnê-que-não-foi do próprio My Bloody Valentine, o show de Shields ganha um status quase de santo graal indie nos EUA em 2008 – ainda mais com as várias reclamações sobre a setlist dos festivais de verão deste ano.

outro charme do SXSW são os famosos shows-surpresa que rolam no calor da batalha. o mais aguardado, sem dúvida, é uma possível apresentação de Lou Reed. em teoria, Reed vai ao festival como principal palestrante, promovendo o filme Berlin, de Julian Schnabel. filmado em Nova York em 2006, Berlin documenta cinco noites em que Reed tocou exclusivamente as faixas de seu disco homônimo de 1973, uma das pedras angulares do rock pós-psicodelia. Schnabel ficou famoso em 2007 por ganhar o festival de Cannes e o Globo de Ouro com o filme O Escafandro e a Borboleta. entre os blogueiros e participantes do festival em geral, a pergunta não é “se”, mas “quando” e “onde” Reed vai dar sua canja – e, principalmente, “como eu faço pra chegar antes de todo mundo”. outra canja aguardada é a de Thurston Moore, que também vai ao festival como palestrante e aproveita para promover seu selo, Ecstatic Peace. ainda mais porque ele vai estar junto com Steve Reich. uma canja dos dois já valeria o festival pra muita gente.

enfim, ainda estou me preparando espiritualmente pra encarar o bicho e tentando resolver a equação trabalho/diversão da forma mais eficiente e menos traumática. a listagem completa dos artistas está aqui, mas aqui rola uma relação mais detalhada. quem quiser fuçar e sugerir alguma coisa, fique à vontade (eu agradeço, na real, haha). tentei achar algum vídeo de Berlin, mas não rolou. então jogo o trailer britânico de O Escafandro e a Borboleta e um show da mesma turnê documentada por Schnabel, na Itália. a filmagem não é lá grande coisa, mas a música é uma das minhas favoritas do disco, e dá pra ter uma idéia do que tem no filme.